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De onde vêm os nossos valores?

- ''Antigamente as cestas eram baratas. Agora que têm marca são todas mais caras.''

Esta frase bateu-nos por um segundo.


slow fashion brands

Foi dita por uma fã que tivemos o prazer de conhecer numa visita ao nosso Atelier & Showroom sediado no Centro de Portugal. Não a podíamos deixar ir embora sem saber o porquê das nossas cestas não equivalerem aos valores de antigamente, especialmente por ter feito questão de comprar:


- Não é por terem marca. É sim porque é insustentável continuar a trabalhar nos moldes que antigamente, e ainda hoje, se trabalham. Desde os meus 5 anos de idade, que trabalho na cestaria de junco Portuguesa sem nunca ter recebido um tostão. A minha família faz cestas desde 1952, das mesmas cestas que antigamente se encontravam na feira, aquelas ''acessíveis''.

A minha aldeia, Cós - Alcobaça, era - e ainda hoje o é - a aldeia das Cestas de Portugal. Cada casa, cada tear para fazer cestas. As cestas de Alcobaça percorriam todo o país e muitas delas foram tecidas pela minha família, por mim até aos 17 anos e ter saído de casa por uma vida melhor. Quem ganhava dinheiro nessa altura? Os ditos ''comerciantes'' que as vendiam em mercados, mas 80% deles nunca teceram uma única cesta e pagavam um valor mínimo por elas ao artesão, para as vender em feiras com margens de lucro acima dos 100%, por isso imagine quem trabalhou horas naquela cesta, o que recebeu - se é que teve a sorte de o receber.


Muitas Artes e Ofícios perderam-se ao longo dos anos exatamente por não sobreviverem apenas das mãos de quem faz, mas também das mãos de quem aprecia. Porque é que as cestas tradicionais são vendidas ao desbarato?


São feitas por artesãos já de faixa etária avançada, como complemente à reforma e ajuda a pôr mais qualquer coisa na mesa, apesar de nunca ser suficiente para se fazer disso vida. Outros tentam lutar pela dignidade desta arte, de mostrar o verdadeiro valor por detrás de uma peça de artesanato.


Quando decidi criar a marca Victoria Handmade, não foi a marca que deu valor às nossas cestas: foi a dignidade.

Dignidade em condições e métodos de trabalho. Dignidade salarial. Dignidade ambiental. E muito mais.


Esta arte da cestaria de junco portuguesa estava à beira da extinção 5 anos atrás. Eu e a minha irmã, somos as artesãs mais novas a trabalhar nesta área e as PRIMEIRAS a receber um ordenado com todos os direitos do trabalhador assegurados. Aos 48 anos quando a minha irmã Carla se viu desempregada e eu tive a coragem de a convidar a lutar ao meu lado, na aldeia onde vivemos toda a infância e onde ela ainda permanecia, as artesãs, que trabalharam connosco em garotas lado a lado disseram-lhe ''- oh querida, que pena, não ter a vida assegurada, não saber o dia de amanhã apesar de todo o trabalho.'' E nunca nos esquece, os olhos arregalados, mas o sorriso no rosto, quando a minha irmã lhe responde que iria trabalhar dignamente e receber dignamente, como um advogado, um professor, um caixista de supermercado, quem quer que fosse.


É por isto, pela nostalgia e memórias que vivemos dentro de cada cesta, que as Peças Victoria Handmade revelam os mais altos níveis de ética desde o seu início à sua finalização. Saiba que comprar à Victoria Handmade é comprar diretamente ao ARTESÃO, e que em cada cesta feita-à-mão para si, preservamos e multiplicamos uma história: a sua, e a nossa.


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