A Victoria Handmade renasceu no mesmo ano que a minha querida mãe partiu. E sei hoje que não foi ao acaso do destino.
Ao longo destes 5 anos de luta para fazer do artesanato algo digno do seu valor - e não do coitadinho do artesão - vem-me à memória, vezes sem conta numa tarde de verão, sentada na ponta do sofá velho da sala da minha avó Vitória onde o tear da minha família se mantém de pé, da minha mãe enquanto cosia uma cesta, perguntar ao meu pai que tecia no tear:
- Oh Toino, achas que as cestas se voltarão a usar como antigamente? Cada casa, cada cesta?
O silêncio fez-se ouvir. Vi no meu pai um rosto de dúvida, mas a sua boca não abriu. A minha mãe apenas teve um encolher de ombros enquanto resposta. Se fosse hoje, gostava de ter-lhe podido responder o que sei hoje, e o que ela queria ter ouvido:
- Sim mãe, acredito.
Mas também sei que é esta memória, e esta dúvida, que me dá forças para lutar e não desistir de tecer cestas para todo o mundo. De não deixar esta tradição de família que tenho em mãos, e a herança que tenho de Portugal aos ombros, morrer.
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